Preço do café bate recorde e safra 2020 deve ser marcada por quantidade e qualidade

       Uma safra promissora em 2020. É assim que os órgãos e especialistas do setor cafeeiro vêem a produção. Os motivos que levam a essa constatação são a bienalidade positiva e a falta de chuva durante a colheita, que contribuíram para aumentar a qualidade dos grãos.
     Com mais qualidade e quantidade, o mercado de café segue em alta. Enquanto muitos setores da economia tiveram uma retração, o agronegócio está na contramão da crise. As commodities brasileiras seguem valorizadas no mercado de ações e o café bateu um recorde na bolsa americana na primeira semana de agosto.
     Para o presidente do Centro de Comércio do Café do Estado de Minas Gerais (CCCMG), Archimedes Coli Neto, o momento é propício para aproveitar as especulações favoráveis ao setor.
    “O mercado de café subiu e atingiu preço máximo em Nova Iorque. Com relação ao dólar, se for fazer a conversão, batemos recordes de preço. Isso não significa que a demanda está muito grande, nem que a safra é pequena ou que falte café. É apenas movimentação de fundos para ganhar dinheiro em cima de especulação. Nesse momento, essa especulação é favorável ao setor cafeeiro. Portanto, este é um bom momento para negócios”, explicou.

      Expectativas de safra

    A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou no início do ano uma expectativa de que o Brasil colherá mais de 43 milhões de sacas de café arábica. Em relação à safra de 2019, esse valor representa um aumento que chega a 34%. Essa diferença se dá porque 2020 é ano de bienalidade positiva, ou seja, tem produção maior. A companhia estipula que Minas Gerais colherá 32 milhões de sacas produzidas, sendo 17 milhões só no Sul de Minas.       Para Archimedes Coli Neto, os números reais podem superar os números da Conab.
   “A expectativa é uma safra muito boa. Tanto de volume como de qualidade. Eu acho que ela vai surpreender para cima. Os números serão superiores aos da Conab. É um ano de safra cheia e com boa qualidade”, aposta.
    Segundo o gerente de café da Cooperativa Agrária de Machado (Coopama), David Rodrigues Soares, uma saca de café de R$ 400 chegou a valer R$ 600. “Acredito que iremos movimentar de 300 a 500 mil sacas em vendas e no armazenamento. Nossa expectativa de safra é muito grande pela quantidade e qualidade do café colhido”, comentou.
      Já conforme o gerente comercial da Coopama, Luciano Neder Gonçalves, a movimentação na cooperativa aumentou principalmente para fazer trocas de sacas de café por insumos. “Com o fim da colheita da maioria, os produtores já estão trocando café por insumos, comprado e renovando máquinas e equipamentos”, exemplificou.

Pandemia

   Para o coordenador Estadual de Cafeicultura da Emater-MG, Julian de Carvalho, a pandemia apenas exigiu mais cuidados do setor cafeeiro, mas não atrapalhou a colheita que já caminha para o fim.
  “Não há qualquer expectativa de prejuízo na safra 2020 por causa da pandemia. A exceção foram alguns atrasos pontuais para o início da colheita, por dificuldade em conseguir mão-de-obra”, contou.
  Ele comenta ainda que a colheita se concentra principalmente entre maio e agosto. “Se a previsão se confirmar, o aumento este ano será entre 25% e 30,7% em relação à safra de 2019. Lembrando que o café é uma cultura que apresenta bienalidade, ou seja, um ano de safra alta e outro de safra baixa. E 2020 será o ano de safra alta”, afirmou.
   
    O Presidente do CCCMG garante que não apenas o café está bem, mas todo o agronegócio.
  “A agricultura está num momento muito bom. Não só o café como outros produtos como boi, frango, soja... Está tudo muito bom. A agricultura está gerando emprego e renda no Brasil nesse momento tão difícil. Estamos exportando como nunca. Talvez seja este o setor do Brasil que não desempregou, pelo contrário, gerou empregos. Não diminuiu salários, não diminui nada. Está segurando, salvando nesse momento. As cidades do interior que vivem praticamente de agricultura não sentiram o baque e a vida tem seguido de forma normal se comparado às outras cidades industriais”, disse Archimedes.

G1 Sul de Minas / Jonatam Marinho