Venda de materiais contra covid: prefeituras podem ter caído em golpe

    Ao menos sete prefeituras de Minas Gerais podem ter caído em um golpe para a compra de materiais usados no combate à covid-19. De acordo com a Polícia Civil, o prejuízo aos cofres públicos desses municípios pode ter sido de cerca de R$ 500 mil.
   A investigação começou em junho, dentro de um grupo de trabalho integrado por vários órgãos, dentre eles a Polícia Civil de Minas Gerais. De acordo com o delegado Gabriel Fonseca, a primeira suspeita foi quando a Prefeitura de Piumhi, a 300 km de Belo Horizonte, comprou equipamentos de proteção de uma empresa em João Monlevade, que fica a 110 km da capital.
    A distância entre as duas cidades, mesmo com a necessidade de entrega imediata, nos chamou a atenção. Além disso, a entrega foi feita por uma segunda empresa, localizada em BH.
    Os policiais chegaram até o homem suspeito de realizar a venda destes materiais. Um empresário do setor de veículos, mas que participava de disputas para a venda de insumos contra o coronavírus.
     De acordo com as investigações, ele criava várias empresas com a ajuda de laranjas e, dessa forma, superfaturava os preços dos materiais.
    Segundo o delegado Gabriel Fonseca, Piumhi não foi o único município que teria caído neste golpe. O Consórcio Intermunicipal de Saúde da Microrregião do Vale do Piranga, localizado em Ponte Nova, também comprou equipamentos de uma dessas empresas, que eram representadas pelo mesmo empresário.

Licitações
    Por conta da pandemia do novo coronavírus, as regras de licitação foram flexibilizadas. Assim, para o município comprar insumos, basta solicitar três orçamentos e comparar o valor deles. De acordo com Fonseca, isso facilitou o golpe.
    O investigado enviava orçamentos de suas empresas. Assim, ele direcionava qual empresa ganharia a disputa e também determinava o valor, já que ele dominava a disputa.
    Os investigadores acreditam que ao menos sete cidades caíram nesse golpe, que pode ter movimentado R$ 500 mil. De acordo com os investigadores, alguns municípios receberam apenas metade dos materiais comprados, enquanto outros não receberam nenhum produto.

Envolvidos
    Além do empresário, a investigação mira a esposa dele, as empresas e também os funcionários. A Polícia Civil pediu a prisão preventiva de cinco dos investigados, mas a solicitação foi negada pela Justiça. Os investigadores suspeitam de que alguns dos funcionários sabiam dos golpes.
   Mesmo sem nenhum suspeito preso, a Polícia Civil informou que não tem dúvidas do esquema e que vai dar sequência às investigações. Os suspeitos poderão ser indiciados por fraude, falsidade ideológica, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

     Record TV Minas - Gabriel Rodrigues